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Maratonas e leituras coletivas•Uma mulher por mês

Uma mulher por mês: Júlia Lopes de Almeida e A Intrusa

04/03/2020 by Steh Nenhum comentário

O Duende Leitor está organizando uma leitura coletiva durante o ano de 2020. O projeto “Uma mulher por mês” tem por objetivo ler mais livros escritos por mulheres, de clássicos a contemporâneos. Os meses são intercalados entre autoras internacionais e autoras brasileiras.

O grupo de leitura do Duende Leitor, “Uma mulher por mês” continua aberto para participação, a qualquer tempo durante o ano de 2020. Entre em contato conosco por duendeleitor@gmail.com ou através do direct no Instagram, e enviaremos o link do grupo no Whatsapp. Ou, se preferir, faça parte do nosso grupo no Facebook Lendo com o Duende Leitor.

O próximo livro, que será discutido em março, é A Casa dos Espíritos, de Isabel Allende.

Mas agora vamos falar um pouco sobre a autora e sua obra escolhida para a leitura do mês de fevereiro.

Júlia Lopes de Almeida

Nascida em 24 de setembro de 1862, no Rio de Janeiro, filha de pais portugueses emigrados. Ainda na infância, mudou-se para Campinas/SP, e foi nesta cidade que começou a publicar seus primeiros textos, em 1881, na Gazeta de Campinas. Naquela época, a literatura ainda não era vista como uma atividade para mulheres. Em 1886, Júlia mudou-se para Lisboa, onde se lançou como escritora. Junto com sua irmã, Adelina Lopes Vieira, publica Contos Infantis, em 1887. Este livro viria a ser pioneiro na literatura infantil no Brasil. Neste mesmo ano ano, casou-se com o também escritor Filinto de Almeida. Durante esta época começou a colaborar com revistas e jornais brasileiros.

Retornando ao Brasil em 1888, lança seu romance, Memórias de Marta, que saiu no formato de folhetim no jornal O País. Seus textos nos jornais da época tratavam de temas atuais e pertinentes como a República, a abolição e os direitos civis.

Júlia Lopes de Almeida, em foto sem data

Júlia escrevia poemas, contos, romances e até peças de teatro. Ela integrava o grupo de escritores e intelectuais que planejaram a criação da Academia Brasileira de Letras. O seu nome constava na lista dos primeiros 40 Imortais fundadores. Mas, na primeira reunião da ABL, o seu nome foi excluído, pois os fundadores decidiram manter uma Academia exclusivamente masculina, inspirada na Academia Francesa. No lugar de Júlia entrou o seu marido, Filinto de Almeida, que chegou a ser chamado de “acadêmico consorte”.

Júlia Lopes de Almeida morreu em 30 de maio de 1934, no Rio de Janeiro.

A Intrusa

Um viúvo, cansado da má direção de sua casa, coloca um anúncio em um jornal procurando uma governanta. Apenas uma moça responde ao anúncio, e acaba sendo contratada para dirigir a casa e cuidar da educação de sua filha. A única regra, no entanto, era que os dois nunca deveriam se ver, pois o viúvo era fiel à memória da esposa. Esta situação não evita comentários maldosos de todas as relações do viúvo. Aos poucos, ele vai se encantando por Alice sem conhecê-la, apenas pelo seu bom trabalho.

Temas

Este livro se passa no final do século XIX. O Rio de Janeiro vivia a Belle Époque, auge da cultura cosmopolita, época de grandes transformações culturais. A maior parte do livro se passa entre os aristocratas cariocas, com seus dramas e tramoias políticas. A política serve de pano de fundo para este livro, embora, à primeira vista, pareca apenas um romance.

Outro tema abordado é o trabalho feminino, muito defendido por escritoras oitocentistas. Era raro mulheres trabalharem fora, embora no caso da personagem Alice Galba, seu trabalho fosse ser governanta e preceptora, duas funções consideradas da “esfera feminina”, ainda assim era mal vista pela sociedade. O único contexto em que o trabalho feminino era tolerado era no caso de falência ou viuvez. A mulher, de uma classe média empobrecida, podia vender o seu saber para sobreviver. A preceptoria era um dos raros trabalhos remunerados para mulheres no Brasil oitocentista. O livro aborda a importância da educação e do trabalho como forma de emancipação feminina. Uma forma de transgressão da condição feminina, a procura da autonomia através do trabalho, com decência, apesar de ser sempre um alvo de críticas e julgamentos negativos.

Apesar de uma abordagem positiva sobre o trabalho feminino, a obra faz, como a de outras escritoras da época, a apologia das “rainhas do lar”. Ela passa de governanta a dona de casa, ganhando um marido pelos serviços prestados. Um caminho eficiente para a ascensão social e o casamento um meio lícito de enriquecimento.

Ainda sobre o enriquecimento através do casamento, a personagem que mais fala sobre isso é a Sra. Pedrosa. Ela é um exemplo de uma caricatura da situação em que o homem toma as decisões na casa. Através de sua perspicácia, Pedrosa manobra o marido que, de advogado pobre, passa a ser ministro. E ela continua tomando decisões por seu marido como se ela própria fosse a ministra. Insistente em casar sua filha com o viúvo, para Pedrosa só um casamento vantajoso em termos financeiros seria adequado.


A Intrusa

Autora: Júlia Lopes de Almeida

Editora: Pedrazul

Avaliação: 4 estrelas


Fontes consultadas para a elaboração do texto

  • Sombra Errante: A preceptora em A Intrusa, de Júlia Lopes de Almeida
  • A composição estética de A intrusa, de Júlia Lopes de Almeida: uma visão do conjunto
  • Resumo de A Intrusa
  • Editora Pedrazul: A Intrusa
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Reading time: 4 min

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O projeto começou com um instagram literário, para compartilhar resenhas e dicas de livros. Feito por Syl, Steh e Moon.

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