Uma mulher por mês: Clarice Lispector e Laços de Família

No mês de junho, nosso grupo de leitura coletiva discutiu Laços de Família, de Clarice Lispector.

O grupo de leitura do Duende Leitor, “Uma mulher por mês” continua aberto para participação, a qualquer tempo durante o ano de 2020. Entre em contato conosco por duendeleitor@gmail.com ou através do direct no Instagram, e enviaremos o link do grupo no Whatsapp.


Clarice Lispector

Clarice Lispector, nascida Haia Lispector, nasceu 10 de dezembro de 1920, em Tchetchelnik, uma aldeia da Ucrânia, então pertencente à Rússia, terceira filha do comerciante Pinkouss e de Mania Lispector. Os pais eram judeus, e decidem emigrar três anos após a Revolução Bolchevique de 1917, desanimados com sucessivas guerras internas e constante perseguição antissemita, gerando fome e miséria. A família Lispector chegou à Maceió em 1922, e acabaram adotando outros nomes. Haia vira Clarice. Escrevia desde cedo, e já enviava suas histórias para jornais, que não publicavam pois tratavam mais de “sensações” do que “fatos”. Muda-se para o Rio de Janeiro, e em 1939 começa o curso superior na Faculdade Nacional de Direito. Em 1940, sai no semanário Pan, dirigido pelo escritor Tasso da Silveira, o conto “Triunfo”, o primeiro regristro de um conto de Clarice publicado na imprensa. Neste mesmo ano começa sua carreira paralela: a de jornalista. Em 1943 casa-se com Maury Gurgel Valente, colega de turma.

Clarice Lispector

No ano seguinte publica seu primeiro romance, Perto do coração selvagem, que obteve calorosa acolhida da crítica, recebendo o Prêmio Graça Aranha. Ainda neste ano, acompanha o marido diplomata em viagens para fora do Brasil. Viveu na Itália e na Suíça, e continuou escrevendo e publicando livros, embora sua saúde mental fique deteriorada durante este período. Separa-se do marido em 1959, e volta com os dois filhos para o Rio de Janeiro, voltando também a escrever em jornais.

Em 1967 publica O Mistério do Coelhinho Pensante, seu primeiro livro infantil. Nesse mesmo ano, sofre várias queimaduras no corpo e na mão direita enquanto dormia com um cigarro aceso. Passou por várias cirurgias e viveu isolada, sempre escrevendo. No ano seguinte publica crônicas no Jornal do Brasil.

Em 1976, Clarice ganhou o primeiro prêmio do X Concurso Literário Nacional de Brasília, pelo conjunto de suas obras.

Em 1977 escreveu Hora da Estrela, sua última obra publicada em vida. Faleceu no Rio de Janeiro, no dia 9 de dezembro de 1977.


Laços de família

Em 1960, lança Laços de Família, livro de contos que recebeu o Prêmio Jabuti da Câmara Brasileira do Livro. Reunindo um total de 13 contos, alguns dos quais escritos e publicados anteriormente na imprensa e no formato de coletânea. Nestes contos, Clarice demonstra absoluto domínio desta forma de narrativa. Em cada um dos contos de Laços de família o projeto de escrita de Clarice vai criando e consolidando uma paisagem extraordinariamente expressiva sustentada pela força de um discurso que parece muitas vezes escapar dos limites da ficção propriamente dita para ingressar no terreno do ensaio filosófico. É considerado pela crítica como a melhor obra de contos de Clarice.

Destaque para o conto “Feliz Aniversário”, que retrata uma família que perdeu seus laços, vivendo uma mentira apenas para manter as aparências em uma festa de aniversário da matriarca da família. Esta não tem ilusões sobre seus familiares, apenas desgostos.


Laços de Família

Autora: Clarice Lispector

Avaliação:


Entrevista no programa Panorama, 1977

Além da entrevista da escritora para Júlio Lerner, pouco antes de morrer, este especial traz ainda depoimentos de admiradores de Clarice.


Especial 100 anos de Clarice – TV Cultura


Fontes consultadas para a elaboração do texto

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Written by Steh
Gosta de livros policiais, quadrinhos e escrever sobre livros na internet.