Esta é a segunda aventura de Artemis Fowl, um garoto gênio do crime. Depois de conseguir roubar o ouro das fadas e usar da magia dessas criaturas para curar sua mãe, só resta uma coisa para Artemis: encontrar seu pai, que agora foi oficialmente dado como morto.
No reino das fadas, Holly, aparentemente conformada e obediente, é obrigada a executar trabalhos burocráticos como punição por ter permitido que Artemis roubasse uma parte do ouro das fadas. Seus caminhos de cruzarão novamente, e vão ter que aprender a deixar suas diferenças de lado e se unir em um objetivo comum.
A graphic novel baseada no livro de mesmo nome é bem adaptada e contou com o envolvimento do autor do livro no projeto. As muitas cenas de ação e o reino das fadas foram perfeitamente traduzidos para os quadrinhos, e um ótimo design para os personagens. Para fãs de Artemis Fowl, ou até se você nunca teve contato com os livros.
O Doutor viaja o universo dentro de sua nave disfarçada de cabine policial azul, aparecendo em vários pontos do tempo e do espaço e, principalmente, salvando o planeta Terra. Como um Senhor do Tempo, ele pode se regenerar quando morre, e muda de aparência e personalidade. Sempre está acompanhado por alguém, um humano ou alienígena.
O Doutor, sua companheira Romana II e K9, um cachorro robô, atendem um pedido de socorro do Professor Chronotis, outro Senhor do Tempo que vive na Universidade de Cambridge. O motivo do pedido foi o sumiço do Livro das Leis de Gallifrey que é a chave para Shada, um planeta prisão dos Senhores do Tempo. O livro foi levado por engano, e o antagonista da história Skagra vai tentar roubá-lo, para conquistar o universo.
Shada é baseado em um roteiro da série Doctor Who escrito por Douglas Adams, o autor de O guia do mochileiro das galáxias. Este episódio do 4º Doutor nunca foi transmitido, e apenas uma parte dele foi gravado em 1979, cenas que foram reaproveitadas depois no episódio especial de 25 anos da série. Mais tarde, ganhou uma versão em áudio com o 8º Doutor, depois transformada em animação e mais recentemente uma outra versão animada com o 4º Doutor e com as cenas originais, tentando reconstruir este episódio perdido.
Apesar de contar com muitos elementos da série, não é absolutamente necessário ter assistido Doctor Who para ler o livro. É uma história que agrada fãs de ficção científica. Porém, se você já leu outros livros do Douglas Adams, não espere encontrar o mesmo estilo de escrita aqui. Embora o roteiro seja de Douglas Adams, este foi transformado em livro por outro autor, Gareth Roberts. Nem sempre ele conseguiu traduzir a ironia de Adams na escrita. Ainda assim é uma ótima edição, uma pena que poucos livros da série foram trazidos para o Brasil.
Shada
Autor: Gareth Roberts, baseado no roteiro de Douglas Adams
O mundo está a beira de uma enorme crise financeira. Todas as pessoas decidem se esconder dentro de caixas pretas que só se abrirão automaticamente quando as coisas melhorarem. Até que um dia a caixa de Vitória se abre e ela encontra um mundo em ruínas. Enquanto explorava as ruínas, descobre que várias crianças também foram despertadas e todas se reúnem na casa de uma senhora.
Ela conta uma história de um rei ganancioso que não contente de conquistar o mundo, também queria conquistar o tempo. Para isso, arruma uma arca mágica tecida com uma teia de aranha tão densa que nem o tempo pode penetrá-la e coloca ali sua filha. A princesa passa o tempo todo em uma espécie de suspensão, e sua arca só é aberta nos dias que o rei considera “felizes”. Privada de sua vida, o tempo passa para sua família, mas ela não envelhece e só vive pequenos instantes.
A história da senhora e a realidade que Vitória vive parecem muito similares, e aos poucos as crianças vão entendendo que precisam encontrar uma forma de salvar o mundo antes que seja tarde.
Tiras divertidas sobre o cotidiano de uma jovem adulta na vida moderna. Ao mesmo tempo, Sarah Andersen trata de assuntos como autoestima, timidez, ansiedade, estresse, as expectativas da sociedade sobre uma mulher jovem e relacionamentos. É impossível não se identificar com suas tiras. E fica o questionamento: quando nos tornamos adultos de verdade?
Sigo as tiras há anos pela internet, e adorei a seleção que foi feita para este livro. A tradução ficou muito boa e mantém o espírito cômico original. Para ler e reler sempre.
O Dr. Rieux vê um rato morto na porta de sua casa. Pouco tempo depois, todo o povo da cidade de Oran, na Argélia passa por uma situação que ninguém imaginava: a volta da peste bubônica. Isolados do resto do mundo, a cidade tenta conter o contágio, aplicando medidas sanitárias e quarentena. Os personagens sofrem com as consequências, como o medo, a claustrofobia e o isolamento. Cada um reage à sua forma. No meio do caos, a resiliência humana é testada, pondo em perspectiva a frágil condição humana, o amor, a esperança e a vida.
Publicado em 1947, A Peste é considerado o melhor livro de Albert Camus. Este livro é uma alegoria do sofrimento da França sob ocupação nazista. Voltou aos livros mais vendidos nos últimos tempos devido à pandemia. Lendo este livro podemos encontrar muitas semelhanças com o nosso cotidiano dentro de uma pandemia, a forma que lidamos com o isolamento e suas consequências. Uma leitura envolvente e reflexiva.
Leitura de Agatha Christie organizada pela página oficial @officialagathachristie O tema do mês de julho é “uma história com um personagem baseado em uma pessoa real. Escolhi “O Homem do Terno Marrom”. A jovem Anne Beddingfield vai à Londres em busca de aventuras. Um acidente na linha do metrô, o misterioso homem de terno marrom e uma pista fazem Anne perseguir a trilha do assassino. 💬 Publicado em 1924, primeiro foi serializado em The Evening News com o título Anna, the Adventurous. 💬 Uma história com Coronel Race, um personagem recorrente de Agatha. 💬 O personagem Eustace Pedler é baseado em Major E A Belcher um chefe e amigo do primeiro marido de Agatha, que demandou ser colocado em um livro. Ele também é o organizador de uma viagem que o casal fez em 1922, muito similar às viagens deste livro. 💬 As £500 que Agatha recebeu por este livro pagaram seu primeiro carro. 💬 Adaptado uma vez como um filme para TV. Eu acho uma péssima adaptação. 😕
Enola vive com a mãe artista e não convencional, em um velho casarão da família. Criada com muita liberdade para os padrões vitorianos, e treinada na arte de anagramas, a menina não entende por que sua mãe escolheu seu nome Enola, que ao contrário significa Alone (sozinha). Sua mãe sempre diz que ela vai se virar bem sozinha. Após o sumiço da mãe no seu aniversário de 14 anos, deixando algumas pistas sutis para trás, Enola é obrigada a entrar em contato com seus dois irmãos bem mais velhos, Sherlock e Mycroft Holmes, que ela praticamente não conhece. Enola admira seu irmão Sherlock através das histórias escritas por Dr. Watson. Quando ela o conhece pessoalmente, descobre esse lado meio distante e machista. Mycroft é pior ainda, e só pensa no dinheiro que enviava para a manutenção do casarão e para a educação da irmã, e que aparentemente foi desviado pela mãe. Subestimada pelos irmãos, que ficam horrorizados com o estado da casa – e de Enola -, decidem enviá-la para um colégio interno depois de arrumar algumas roupas decentes para a menina. Os irmãos mais velhos concluem que a mãe sumiu por vontade própria e não se esforçam em encontrá-la. Porém Enola decide continuar a busca de sua mãe, e tem outros planos para essas roupas…
Esta é uma série infanto-juvenil que conta a história de Enola Holmes, a irmã muito mais jovem de Sherlock e Mycroft Holmes. Ela existe no canon oficial de Sherlock? Não, é uma criação desta série de livros, embora outros pastiches ou “fanfics” inspiradas nos livros de Sherlock utilizem desta mesma ideia de uma irmã mais nova. Em exemplo é na série Sherlock da BBC, que revela uma irmã mais nova chamada Eurus. (spoiler? já passou um tempinho né? hahaha)
Um bom pastiche de Sherlock Holmes. A leitura é bem rápida, mas um pouco confusa, pois acaba tratando de dois sumiços: da mãe de Enola e do jovem marquês do título. A representação de Sherlock e Mycroft é bem fiel aos livros, e a ambientação é bem feita. A descrição das vestimentas vitorianas é bem detalhada e seus múltiplos usos bem original. Um ponto positivo: Enola é uma detetive independente dos irmãos, que aparecem muito brevemente no livro, criando assim uma possibilidade de histórias originais, sem se apegar tanto ao canon de Sherlock. O livro acaba rápido e completamente em aberto para novas histórias da série, que pretendo continuar a ler.
Esta série de livros está sendo adaptada em filme pela Netflix, com Millie Bobby Brown, Henry Cavill, Sam Claflin e Helena Bonham Carter.
Enola Holmes, filme da Netflix. Millie Bobby Brown (Enola), Henry Cavill (Sherlock) e Sam Claflin (Mycroft).
No mês de julho, nosso grupo de leitura coletiva vai debater o livro Fique Comigo, de .
O grupo de leitura do Duende Leitor, “Uma mulher por mês” continua aberto para participação, a qualquer tempo durante o ano de 2020. Entre em contato conosco por duendeleitor@gmail.com ou através do direct no Instagram, e enviaremos o link do grupo no Whatsapp.
Ayòbámi Adébáyò
Ayòbámi Adébáyò nasceu em 29 de janeiro de 1988 em Lagos, Nigéria. Logo depois, sua família mudou para Ilesa e depois Ifé. Estudou na Obafemi Awolowo University, e fez um bacharelado e mestrado em Literatura em inglês, e depois ganhou uma bolsa para cursar um mestrado em Escrita Criativa na University of East Anglia. Ayòbámi teve aulas com as escritoras Chimamanda Adichie (Americanah, Hibisco Roxo) e Margaret Atwood (O Conto da Aia, Vulgo Grace).
Ayòbámi Adébáyò
Em 2013, seu manuscrito de Fique Comigo foi indicado ao Kwani? Manuscript Project, um prêmio para livros ainda não publicados. Em 2015 foi listada como uma das promissoras escritoras nigerianas pelo Financial Times. Em 2019 foi convidada para a Flip.
Entrevista com a autora na Flip 2019
Entrevista sobre “Fique Comigo” (em inglês)
Fique Comigo
Lançado em 2017 e aclamado pela crítica, é o romance de estréia da autora. Indicado ao prêmio Baileys Women’s Prize for Fiction e escolhido como um dos melhores livros de 2017 por jornais como The Guardian, The Economist e The Wall Street Journal.
Situado entre os anos 1980 a 2008, Fique Comigo conta a vida de um jovem casal, Yejide e Akin, que eram contra a poligamia, uma prática normal na cultura local. Após alguns anos e tentativas frustradas, eles não tiveram filhos, e a família do marido acaba pressionando até que ele arranje uma segunda esposa. A quebra de confiança entre o casal e a pressão da família e da comunidade para a geração de um herdeiro, em contraste com as crenças de um casal moderno em uma comunidade tradicional são catalizadores para o drama. A narrativa alterna entre passado e presente, e também é feita através do ponto de vista da esposa e do marido. Os temas explorados no livro são o amor, casamento, família e o que significa ser parte de uma família, lealdade, maternidade e doença. O livro tem como pano de fundo a instabilidade política na Nigéria dos anos 1980, um paralelo com a vida do casal, nas palavras da autora “mesmo quando coisas enormes e importantes estão acontecendo em sua volta, coisas que você deveria prestar atenção e até se envolver em certo ponto, sua própria vida pode se tornar tão dominante que se torna muito difícil se envolver com o que está acontecendo. Na sua própria história é uma grande história, independente do que está acontecendo na política.” Para a autora “é importante perceber que sempre há uma conexão entre a política e a vida pessoal, e não importa o que está acontecendo em sua vida, é importante perceber o que está acontecendo com as outras pessoas”.
James Watson ganhou uma bolsa de rúgbi para um colégio em Sherringford, uma escola de Connecticut, Estados Unidos. James vive em Londres com sua mãe, separada do seu pai há anos. Coincidência ou não, Watson vai estudar em uma escola que fica há uma hora da casa do pai que ele não vê desde a separação, e não quer saber dele. As coisas seriam horríveis, se ele não tivesse feito alguns amigos e conhecido Charlotte Holmes. Watson segue a vida de Holmes através da imprensa e é obcecado por ela. Charlotte soluciona crimes desde criança, afinal é uma Holmes (a desculpa da autora para tudo o que acontece neste livro). James escreve um diário e sonha em ser um grande escritor, afinal é um Watson. As famílias Holmes e Watson ainda mantém certo contato, pois são os descendentes dos célebres Sherlock Holmes e John Watson, mas os dois jovens nunca se encontraram. Até que um crime acontece no colégio.
Uma visão moderna dos clássicos contos de Sherlock Holmes. Porém não espere muito. A autora esquematiza cada crime (não são muitos) em homenagem a um conto, e tenta com todas as forças relacionar os dois jovens à grande dupla clássica. Mas não deu nem um pouco certo. Lembra um híbrido entre Cidades de Papel do John Green e a série Sherlock da BBC. Mas não no bom sentido. Holmes e Watson são personagens insuportáveis, e a autora eleva exponencialmente a arrogância de Holmes e o servilismo de Watson, que vive passando um pano para tudo, mesmo sendo constantemente humilhado. Previsivelmente, os Moriarty entram na conta, criminosos geniais, mantendo a tradição do Professor Moriarty. Apesar de ser um livro young adult que supostamente pode ser lido por quem não leu Sherlock, não senti que esse é o caso. A autora conta muito que o leitor tenha pleno conhecimento dos contos de Conan Doyle, pois suas vagas descrições do original não ajudam a entender o contexto que foram utilizados neste livro. A narrativa tem problemas, os personagens são mal desenvolvidas, é muito corrido e maçante ao mesmo tempo. Um livro duas estrelas para mim, e ganhou a segunda porque a premissa era boa, e a autora parece ter um amor verdadeiro pelas histórias de Sherlock. É o primeiro livro de uma série, que também ganhou uma versão mangá. Não pretendo continuar.
Orlando foi lançado em 1928 e cimentou o status de Virginia Woolf como escritora e como mestre do modernismo.
Estruturado como uma biografia, o livro conta a história de Orlando, um nobre inglês que após algum tempo em sua vida, acorda como uma mulher. E mais extraordinário, Orlando vive por mais de 300 anos. Nesta narrativa, acompanhamos a passagem do tempo no ponto de vista de um personagem “imortal”, as mudanças políticas e sociais da Inglaterra, e as dúvidas e dificuldades o processo de escrita, pois Orlando passa todo esse tempo escrevendo seu grande romance, e entrando em contato com grandes escritores. A transição do gênero de Orlando é encarada de forma bem natural por ela, e com muita ironia descreve o que mudou na sua nova condição como mulher, principalmente como o mundo passa a tratá-la. Uma fantástica exploração do eu, Orlando é considerada por muitos como o primeiro livro a retratar um personagem trans na língua inglesa.
Orlando é inspirada em Vita Sackville-West, uma escritora contemporânea de Virginia, com quem manteve um relacionamento extraconjugal durante anos. Muitas passagens do livro são inspiradas na vida de Vita, que vinha de uma família rica e tradicional.