No mês de outubro, o grupo de leitura do Duende Leitor leu Frankenstein de Mary Shelley
O grupo de leitura do Duende Leitor, “Uma mulher por mês” continua aberto para participação, a qualquer tempo durante o ano de 2020. Entre em contato conosco por duendeleitor@gmail.com ou através do direct no Instagram, e enviaremos o link do grupo no Whatsapp.
Mary Shelley
Nascida em 30 de agosto de 1797 em Londres, Mary Wollstonecraft Godwin, filha da autora feminista Mary Wollstonecraft, que morreu no parto, e do pensador radical William Godwin. Mary cresceu em um ambiente de ideias avant garde, e andou em um círculo intelectual desde cedo. Foi aí que conheceu seu futuro marido, o poeta Percy Bysshe Shelley. Ele também ajudou a editar o manuscrito de Frankenstein, escrito durante um desafio de Lord Byron, para a criação de uma história de terror.
Mary Shelley
A primeira edição não veio com o nome da autora mas, apesar de sucessivas tragédias, como a morte prematura de quase todos os seus filhos e de seu marido, continuou a escrever suas obras, além de reunir as poesias de seu marido em coletâneas póstumas. Mary Shelley morreu em Londres, em 1851.
Frankeinstein
Victor Frankenstein, um jovem cientista, determinado a criar a vida a partir de outros materiais e, quem sabe, reanimar os mortos, acaba criando um ser monstruoso. Para seu espanto, a fagulha de vida funciona, mas a visão horrenda acaba aterrorizando o cientista, que abandona sua criação.Totalmente sem rumo, o monstro tenta descobrir como se encaixar em uma sociedade que o repele. Publicado em 1818.
Temas
A busca do conhecimento é a força por trás do enredo do romance. Tanto Victor Frankenstein quanto o monstro são criaturas curiosas e com sede de saber. O que eles fazem com o conhecimento adquirido é a questão, pois também pode se mostrar perigoso. Em oposição ao conhecimento estão os segredos, e as consequências de ocultar informações. Outro tema do livro é a exaltação à natureza e à simplicidade, um contraste com a artificialidade do monstro. Outros temas abordados no livro são, família, ambição, alienação.O livro também faz referência a diversas outras obras como Paraíso Perdido e Os sofrimentos do jovem Werther.
Referências
Frankenstein – Mary Shelley (Edição comentada) – Editora Zahar
No mês de agosto, nosso grupo de leitura coletiva vai debater o livro Olhos d’água de Conceição Evaristo.
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Conceição Evaristo
Maria da Conceição Evaristo de Brito nasceu em Belo Horizonte, em 1946. Mudou-se para o Rio de Janeiro na década de 1970, onde se formou em Letras pela UFRJ. Trabalhou como professora da rede pública na capital. Conceição Evaristo é mestre em Literatura Brasileira pela PUC do Rio de Janeiroe Doutora em Literatura Comparada na Universidade Federal Fluminense. É participante ativa em movimentos de valorização da cultura negra no Brasil. Sua estréia literária foi em 1990, com a publicação em série de seus contos e poemas em Cadernos Negros. Seus textos são publicados na Alemanha, Inglaterra e Estados Unidos. Sua obra é versátil, com poesias, ensaios e ficções, e é objeto de estudos em universidades brasileiras e no mundo.
Conceição Evaristo
Em 2018, iniciou-se uma campanha através das redes sociais e meios acadêmicos em favor da escolha de Conceição Evaristo para ocupar a cadeira número sete na Academia Brasileira de Letras, porém perdeu a eleição para o cineasta Cacá Diegues. O conjunto de sua obra recebeu diversos prêmios e foi homenageada mais recentemente Livre! Festival Internacional de Literatura e Direitos Humanos e a Festa Literária Internacional de Paraty (Flip). A autora segue em sua luta pelo reconhecimento das mulheres negras como produtoras de conhecimento.
Olhos d’água
Publicado em 2014, Olhos D’água foi o livro finalista do Prêmio Jabuti na categoria “Contos e Crônicas”. O livro reúne 15 contos curtos, com personagens que lidam com vínculos familiares, dilemas sociais, sexuais e existenciais. A autora escreve, sem idealizações, sobre as duras condições enfrentadas pela comunidade afro-brasileira. Utiliza-se de muitas referências às narrativas míticas africanas. Outro recurso de estilo da autora é a aglutinação de palavras para gerar nomes e a hifenização como um recurso poético e de aproximação ou oposição de ideias.
No mês de julho, nosso grupo de leitura coletiva vai debater o livro Fique Comigo, de .
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Ayòbámi Adébáyò
Ayòbámi Adébáyò nasceu em 29 de janeiro de 1988 em Lagos, Nigéria. Logo depois, sua família mudou para Ilesa e depois Ifé. Estudou na Obafemi Awolowo University, e fez um bacharelado e mestrado em Literatura em inglês, e depois ganhou uma bolsa para cursar um mestrado em Escrita Criativa na University of East Anglia. Ayòbámi teve aulas com as escritoras Chimamanda Adichie (Americanah, Hibisco Roxo) e Margaret Atwood (O Conto da Aia, Vulgo Grace).
Ayòbámi Adébáyò
Em 2013, seu manuscrito de Fique Comigo foi indicado ao Kwani? Manuscript Project, um prêmio para livros ainda não publicados. Em 2015 foi listada como uma das promissoras escritoras nigerianas pelo Financial Times. Em 2019 foi convidada para a Flip.
Entrevista com a autora na Flip 2019
Entrevista sobre “Fique Comigo” (em inglês)
Fique Comigo
Lançado em 2017 e aclamado pela crítica, é o romance de estréia da autora. Indicado ao prêmio Baileys Women’s Prize for Fiction e escolhido como um dos melhores livros de 2017 por jornais como The Guardian, The Economist e The Wall Street Journal.
Situado entre os anos 1980 a 2008, Fique Comigo conta a vida de um jovem casal, Yejide e Akin, que eram contra a poligamia, uma prática normal na cultura local. Após alguns anos e tentativas frustradas, eles não tiveram filhos, e a família do marido acaba pressionando até que ele arranje uma segunda esposa. A quebra de confiança entre o casal e a pressão da família e da comunidade para a geração de um herdeiro, em contraste com as crenças de um casal moderno em uma comunidade tradicional são catalizadores para o drama. A narrativa alterna entre passado e presente, e também é feita através do ponto de vista da esposa e do marido. Os temas explorados no livro são o amor, casamento, família e o que significa ser parte de uma família, lealdade, maternidade e doença. O livro tem como pano de fundo a instabilidade política na Nigéria dos anos 1980, um paralelo com a vida do casal, nas palavras da autora “mesmo quando coisas enormes e importantes estão acontecendo em sua volta, coisas que você deveria prestar atenção e até se envolver em certo ponto, sua própria vida pode se tornar tão dominante que se torna muito difícil se envolver com o que está acontecendo. Na sua própria história é uma grande história, independente do que está acontecendo na política.” Para a autora “é importante perceber que sempre há uma conexão entre a política e a vida pessoal, e não importa o que está acontecendo em sua vida, é importante perceber o que está acontecendo com as outras pessoas”.
No mês de junho, nosso grupo de leitura coletiva discutiu Laços de Família, de Clarice Lispector.
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Clarice Lispector
Clarice Lispector, nascida Haia Lispector, nasceu 10 de dezembro de 1920, em Tchetchelnik, uma aldeia da Ucrânia, então pertencente à Rússia, terceira filha do comerciante Pinkouss e de Mania Lispector. Os pais eram judeus, e decidem emigrar três anos após a Revolução Bolchevique de 1917, desanimados com sucessivas guerras internas e constante perseguição antissemita, gerando fome e miséria. A família Lispector chegou à Maceió em 1922, e acabaram adotando outros nomes. Haia vira Clarice. Escrevia desde cedo, e já enviava suas histórias para jornais, que não publicavam pois tratavam mais de “sensações” do que “fatos”. Muda-se para o Rio de Janeiro, e em 1939 começa o curso superior na Faculdade Nacional de Direito. Em 1940, sai no semanário Pan, dirigido pelo escritor Tasso da Silveira, o conto “Triunfo”, o primeiro regristro de um conto de Clarice publicado na imprensa. Neste mesmo ano começa sua carreira paralela: a de jornalista. Em 1943 casa-se com Maury Gurgel Valente, colega de turma.
Clarice Lispector
No ano seguinte publica seu primeiro romance, Perto do coração selvagem, que obteve calorosa acolhida da crítica, recebendo o Prêmio Graça Aranha. Ainda neste ano, acompanha o marido diplomata em viagens para fora do Brasil. Viveu na Itália e na Suíça, e continuou escrevendo e publicando livros, embora sua saúde mental fique deteriorada durante este período. Separa-se do marido em 1959, e volta com os dois filhos para o Rio de Janeiro, voltando também a escrever em jornais.
Em 1967 publica O Mistério do Coelhinho Pensante, seu primeiro livro infantil. Nesse mesmo ano, sofre várias queimaduras no corpo e na mão direita enquanto dormia com um cigarro aceso. Passou por várias cirurgias e viveu isolada, sempre escrevendo. No ano seguinte publica crônicas no Jornal do Brasil.
Em 1976, Clarice ganhou o primeiro prêmio do X Concurso Literário Nacional de Brasília, pelo conjunto de suas obras.
Em 1977 escreveu Hora da Estrela, sua última obra publicada em vida. Faleceu no Rio de Janeiro, no dia 9 de dezembro de 1977.
Laços de família
Em 1960, lança Laços de Família, livro de contos que recebeu o Prêmio Jabuti da Câmara Brasileira do Livro. Reunindo um total de 13 contos, alguns dos quais escritos e publicados anteriormente na imprensa e no formato de coletânea. Nestes contos, Clarice demonstra absoluto domínio desta forma de narrativa. Em cada um dos contos de Laços de família o projeto de escrita de Clarice vai criando e consolidando uma paisagem extraordinariamente expressiva sustentada pela força de um discurso que parece muitas vezes escapar dos limites da ficção propriamente dita para ingressar no terreno do ensaio filosófico. É considerado pela crítica como a melhor obra de contos de Clarice.
Destaque para o conto “Feliz Aniversário”, que retrata uma família que perdeu seus laços, vivendo uma mentira apenas para manter as aparências em uma festa de aniversário da matriarca da família. Esta não tem ilusões sobre seus familiares, apenas desgostos.
Laços de Família
Autora: Clarice Lispector
Avaliação:
Entrevista no programa Panorama, 1977
Além da entrevista da escritora para Júlio Lerner, pouco antes de morrer, este especial traz ainda depoimentos de admiradores de Clarice.
Na segunda quinzena de maio, nosso grupo de leitura coletiva discutiu Mrs. Dalloway, de Virginia Woolf.
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Virginia Woolf
Nasceu em 25 de janeiro na Inglaterra. Filha de Julia e Leslie Stephen, seu pai era um intelectual e Virginia foi educada em casa por professores particulares, tendo contato com escritores desde muito cedo.
Em 1912 se casou com o crítico Leonard Woolf. Pertenciam ao Grupo de Bloomsbury, círculo intelectual frequentado a principio por apenas duas mulheres, Virginia e sua irmã, a pintora Vanessa Bell. Este grupo se reunia para discutir sobre as tradições literárias, políticas e sociais da Era Vitoriana e desprezavam a moral convencional. Virginia publicou seu primeiro livro, “A Viagem” em 1915. Em 1917 fundou com seu marido a editora Hogarth Press, que publicou autores como T.S. Eliot e Katherine Mansfield.
Virginia Woolf
É considerada uma das criadoras do fluxo de consciência, técnica narrativa muito presente em suas obras. Por seu estilo narrativo, Virginia é Modernista.
Lutou com a saúde mental durante toda a sua vida, em uma época que esta condição era mal compreendida até pelos médicos. Com medo de estar caindo no mesmo estado de depressão profunda que passou em sua juventude, acabou se suicidando em um rio próximo a sua casa em 1941.
Suas obras incluem romances, contos, ensaios, peças, além das coletâneas de seus diários e cartas.
Mrs. Dalloway
O livro mais conhecido da autora, publicado em 1925. Este livro narra um dia inteiro de uma mulher chamada Clarissa Dalloway. Ela vai dar uma festa à noite, e o livro começa quando ela sai pela manhã para comprar flores. Enquanto vai pensando na vida e na festa, a narrativa salta entre a mente das pessoas que ela passa pela rua. Ao voltar para casa, descobre que seu marido foi convidado para um almoço – e ela não. Mais tarde, um amigo que ela não via há anos aparece em sua casa. Este amigo também tem seus pensamentos revelados pela narrativa, e através dele chegamos a Septimus, um veterano da 1ª Guerra Mundial, que luta contra o estresse pós-traumático. Clarissa e Septimus, embora nunca se encontrem neste romance, são dois contrapontos da mesma narrativa. Um notável exemplo do fluxo de consciência na literatura.
Temas
O pano de fundo da história é a vida após a Guerra, os traumas de veteranos, a mudança da sociedade e do império britânico. São visíveis as críticas ao antigo regime e aos valores opressivos perpetuados pelo Império – e que estão chegando ao fim.
Este livro também trata da comunicação x privacidade, a solidão humana, a solidão de uma mulher mais velha, pessoas que ainda não encontraram seu lugar no mundo, o medo da morte e da opressão.
Mrs. Dalloway
Autora: Virginia Woolf
Editora: Penguin Companhia
Avaliação: 4 estrelas
Para se aprofundar mais em Mrs. Dalloway
O livro As Horas, de Michael Cunningham, é uma espécie de releitura de Mrs. Dalloway, que conta com três pontos de vista: Virginia Woolf no final de sua vida; uma mulher que luta contra a depressão e está lendo Mrs. Dalloway e Clarissa, uma mulher que vai dar uma festa neste dia e vive um paralelo com a personagem de Mrs. Dalloway. Cada uma vive em uma época diferente e todas tem em comum a luta com o suicídio. Um livro excelente, vencedor do Pulitzer em 1999. Ganhou uma versão para cinema em 2002, que também recomendamos.
As Horas (2002)
Fontes consultadas para a elaboração do texto
Biografia: Virginia Woolf: A medida da vida – Herbert Marder
Neste mês de maio dividimos a leitura coletiva em quinzenas, então aproveitamos para ler mais um livro de contos de Lygia Fagundes Telles. A segunda quinzena está com Virginia Woolf e Mrs. Dalloway.
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A noite escura e mais eu: uma experiência literária
A noite escura e mais eu é um livro que reúne nove contos, e foi lançado em 1995. É considerado uma das melhores coletâneas de seus contos, junto com Antes do Baile Verde (1970). Os temas dos contos são o medo, a solidão, amor, morte, velhice. Esta é uma coletânea repleta de mistério e contos mais sombrios. Também é marcada por narradores inusitados como o cachorro em Crachá nos dentes e o anão filósofo de Anão de Jardim, o melhor conto deste livro. Os sentimentos dos personagens são explorados nas histórias, seus pensamentos e tragédias particulares, mas também desejos e esperanças. O incrível em Lygia é a reflexão que casa história traz, e a permanência delas. Você termina de ler o conto, mas continua a vivenciá-lo. Por isso é tão bom discutir os contos de Lygia em uma leitura coletiva, trocar impressões e pontos de vista, debater as ambiguidades. A história tem um significado para casa leitor, e trocar experiências traz um enriquecimento maior de nossa experiência de leitura.
O título da obra foi retirado de um verso de “Assovio” uma poesia de Cecília Meireles.
Depois de duas leituras incríveis de Lygia Fagundes Telles, não podemos deixar de recomendá-las a todos.: este A noite escura e mais eu e Antes do Baile Verde.
Lygia Fagundes Telles
Nasceu em São Paulo em 19 de abril de 1923, morou durante sua infância no interior do estado. De volta à capital, concluiu seus estudos e ingressou na Faculdade de Direito do Largo de São Francisco, da Universidade de São Paulo, onde se formou. Começou a escrever cedo, e publicou sue primeiro livro de contos Porão e sobrado em 1938, ainda na adolescência, que foi bem recebido pela crítica. Apesar disso, a escritora considera seus primeiros livros “juvenilias”, e acredita que Ciranda de Pedra , de 1954, é o marco inicial de suas obras completas.
Lygia Fagundes Telles
Cronologicamente, Lygia está na geração modernista de 1945, ao lado de escritores como Clarice Lispector, Rubem Braga e Guimarães Rosa. Com sua amiga Clarice, exploraram o universo feminino moderno em suas obras, rompendo com o moralismo que deixava as mulheres à margem da figura masculina. Trouxe temas polêmicos para sua obra, como adultério, drogas, problemas sociais. Seus romances tendem mais para a literatura realista, enquanto alguns de seus contos lembraram o estilo de Edgar Allan Poe, em um estilo mais romântico e fantástico. Lygia considera Machado de Assis como uma influência na sua escrita.
Lygia foi eleita para a Academia Brasileira de Letras em 1985. Recebeu muitos prêmios ao longo de sua carreira, inclusive o Camões, em 2005, o prêmio mais importante da língua portuguesa.
O livro que lemos em abril na a leitura coletiva do Duende Leitor foi Antes do Baile Verde, de Lygia Fagundes Telles.
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Lygia Fagundes Telles
Nasceu em São Paulo em 19 de abril de 1923, morou durante sua infância no interior do estado. De volta à capital, concluiu seus estudos e ingressou na Faculdade de Direito do Largo de São Francisco, da Universidade de São Paulo, onde se formou. Começou a escrever cedo, e publicou sue primeiro livro de contos Porão e sobrado em 1938, ainda na adolescência, que foi bem recebido pela crítica. Apesar disso, a escritora considera seus primeiros livros “juvenilias”, e acredita que Ciranda de Pedra , de 1954, é o marco inicial de suas obras completas.
Lygia Fagundes Telles
Cronologicamente, Lygia está na geração modernista de 1945, ao lado de escritores como Clarice Lispector, Rubem Braga e Guimarães Rosa. Com sua amiga Clarice, exploraram o universo feminino moderno em suas obras, rompendo com o moralismo que deixava as mulheres à margem da figura masculina. Trouxe temas polêmicos para sua obra, como adultério, drogas, problemas sociais. Seus romances tendem mais para a literatura realista, enquanto alguns de seus contos lembraram o estilo de Edgar Allan Poe, em um estilo mais romântico e fantástico. Lygia considera Machado de Assis como uma influência na sua escrita.
Lygia foi eleita para a Academia Brasileira de Letras em 1985. Recebeu muitos prêmios ao longo de sua carreira, inclusive o Camões, em 2005, o prêmio mais importante da língua portuguesa.
Antes do Baile Verde
Publicado em 1970, recebeu o Grande Prêmio Internacional Feminino para Estrangeiros, na França. É composto por dezoito contos, escritos entre 1949 e 1969. A linguagem varia, mas nota-se e um tom engajado, com denúncia velada à desigualdade social, e oposição ao regime militar do Brasil. Outros dois traços marcantes são a ambiguidade e ironia.
A cor verde é constantemente citada no livro, como referência à passagem da vida à morte. Seu pai gostava de frequentar casas de jogos, e levava Lygia “para dar sorte”. A escritora disse uma vez: “Na roleta, gostava de jogar no verde. Eu, que jogo na palavra, sempre preferi o verde, ele está em toda a minha ficção. É a cor da esperança, que aprendi com meu pai.”
Temas
Os temas abordados nos contos de Antes do Baile Verde são o adultério, vida conjugal infeliz, solidão, velhice, diferenças de idade, infância e adolescências, vingança, cenas da vida familiar, a morte e a loucura. São desenvolvidos principalmente através de diálogos ou uma reflexão interna dos personagens, alguns em primeira apessoa, outros em terceira pessoa.
O livro que lemos em Março na leitura coletiva do Duende Leitor foi A casa dos espíritos de Isabel Allende.
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Isabel Allende
A autora nasceu no Peru em 2 de agosto de 1942 mudou-se para o chile ainda bem pequena, onde e viveu sua infância e juventude.
Isabel Allende
Sobrinha em segundo grau de Salvador Allende, candidato socialista que venceu as eleições presidenciais chilenas e, em 1973, viu seu governo cair com um golpe militar. Ela foi obrigada a fugir com sua família para a Venezuela, pois toda a família de Allende sofreu perseguição. É neste país que ela começa a sua produção literária. Atualmente vive nos Estados Unidos. Suas obras literárias são especialmente dedicadas aos acontecimentos da história do Chile.
A Casa dos Espíritos
Primeiro romance da autora, é considerado um clássico da literatura latino americana. A casa dos espíritos conta a saga da família Trueba entre os anos de 1905 e 1975. Combinando o fantástico e o real, traça um paralelo com a história de um pais muito parecido com o Chile. suas personagens vivem envoltos com a politica, as transformações sociais, um golpe militar e os impactos em uma família conflituosa.O patriarca, senador Esteban Trueba, extremo conservador, machista e falso moralista, contrasta diretamente com as mulheres fortes de sua família, em especial sua esposa Clara, clarividente e ligada ao misticismo e com ideias opostas ao marido.
Embora o título fale de espíritos, este não é um livro espírita.
Temas
Obra de realismo fantástico, Isabel Allende se baseou em próprias memórias de infância e juventude para escrever o livro. Ela viveu em um casarão similar ao dos Trueba com toda a sua família, um ambiente liberal e intelectual, e que despertou o seu interesse pela literatura . O tema central retratado no livro é o poder das mulheres, a luta entre as classes e a importância da genealogia. A fantasia se desenvolve em paralelo aos fatos históricos recentes do Chile, incluindo uma história de amor lado a lado com os assassinatos, desaparecimentos e torturas da sangrenta ditadura militar.
Para assistir
A casa dos espíritos (1993)
Adaptação de 1993 do livro de Isabel Allende, com Meryl Streep, Glenn Close, Winona Ryder, Antonio Banderas e Jeremy Irons.
O Duende Leitor está organizando uma leitura coletiva durante o ano de 2020. O projeto “Uma mulher por mês” tem por objetivo ler mais livros escritos por mulheres, de clássicos a contemporâneos. Os meses são intercalados entre autoras internacionais e autoras brasileiras.
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O próximo livro, que será discutido em março, é A Casa dos Espíritos, de Isabel Allende.
Mas agora vamos falar um pouco sobre a autora e sua obra escolhida para a leitura do mês de fevereiro.
Júlia Lopes de Almeida
Nascida em 24 de setembro de 1862, no Rio de Janeiro, filha de pais portugueses emigrados. Ainda na infância, mudou-se para Campinas/SP, e foi nesta cidade que começou a publicar seus primeiros textos, em 1881, na Gazeta de Campinas. Naquela época, a literatura ainda não era vista como uma atividade para mulheres. Em 1886, Júlia mudou-se para Lisboa, onde se lançou como escritora. Junto com sua irmã, Adelina Lopes Vieira, publica Contos Infantis, em 1887. Este livro viria a ser pioneiro na literatura infantil no Brasil. Neste mesmo ano ano, casou-se com o também escritor Filinto de Almeida. Durante esta época começou a colaborar com revistas e jornais brasileiros.
Retornando ao Brasil em 1888, lança seu romance, Memórias de Marta, que saiu no formato de folhetim no jornal O País. Seus textos nos jornais da época tratavam de temas atuais e pertinentes como a República, a abolição e os direitos civis.
Júlia Lopes de Almeida, em foto sem data
Júlia escrevia poemas, contos, romances e até peças de teatro. Ela integrava o grupo de escritores e intelectuais que planejaram a criação da Academia Brasileira de Letras. O seu nome constava na lista dos primeiros 40 Imortais fundadores. Mas, na primeira reunião da ABL, o seu nome foi excluído, pois os fundadores decidiram manter uma Academia exclusivamente masculina, inspirada na Academia Francesa. No lugar de Júlia entrou o seu marido, Filinto de Almeida, que chegou a ser chamado de “acadêmico consorte”.
Júlia Lopes de Almeida morreu em 30 de maio de 1934, no Rio de Janeiro.
A Intrusa
Um viúvo, cansado da má direção de sua casa, coloca um anúncio em um jornal procurando uma governanta. Apenas uma moça responde ao anúncio, e acaba sendo contratada para dirigir a casa e cuidar da educação de sua filha. A única regra, no entanto, era que os dois nunca deveriam se ver, pois o viúvo era fiel à memória da esposa. Esta situação não evita comentários maldosos de todas as relações do viúvo. Aos poucos, ele vai se encantando por Alice sem conhecê-la, apenas pelo seu bom trabalho.
Temas
Este livro se passa no final do século XIX. O Rio de Janeiro vivia a Belle Époque, auge da cultura cosmopolita, época de grandes transformações culturais. A maior parte do livro se passa entre os aristocratas cariocas, com seus dramas e tramoias políticas. A política serve de pano de fundo para este livro, embora, à primeira vista, pareca apenas um romance.
Outro tema abordado é o trabalho feminino, muito defendido por escritoras oitocentistas. Era raro mulheres trabalharem fora, embora no caso da personagem Alice Galba, seu trabalho fosse ser governanta e preceptora, duas funções consideradas da “esfera feminina”, ainda assim era mal vista pela sociedade. O único contexto em que o trabalho feminino era tolerado era no caso de falência ou viuvez. A mulher, de uma classe média empobrecida, podia vender o seu saber para sobreviver. A preceptoria era um dos raros trabalhos remunerados para mulheres no Brasil oitocentista. O livro aborda a importância da educação e do trabalho como forma de emancipação feminina. Uma forma de transgressão da condição feminina, a procura da autonomia através do trabalho, com decência, apesar de ser sempre um alvo de críticas e julgamentos negativos.
Apesar de uma abordagem positiva sobre o trabalho feminino, a obra faz, como a de outras escritoras da época, a apologia das “rainhas do lar”. Ela passa de governanta a dona de casa, ganhando um marido pelos serviços prestados. Um caminho eficiente para a ascensão social e o casamento um meio lícito de enriquecimento.
Ainda sobre o enriquecimento através do casamento, a personagem que mais fala sobre isso é a Sra. Pedrosa. Ela é um exemplo de uma caricatura da situação em que o homem toma as decisões na casa. Através de sua perspicácia, Pedrosa manobra o marido que, de advogado pobre, passa a ser ministro. E ela continua tomando decisões por seu marido como se ela própria fosse a ministra. Insistente em casar sua filha com o viúvo, para Pedrosa só um casamento vantajoso em termos financeiros seria adequado.
O Duende Leitor está organizando uma leitura coletiva durante o ano de 2020. O projeto “Uma mulher por mês” tem por objetivo ler mais livros escritos por mulheres, de clássicos a contemporâneos. Os meses são intercalados entre autoras internacionais e autoras brasileiras.
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O próximo livro, que será discutido em fevereiro, é A Intrusa, de Júlia Lopes de Almeida.
Mas agora vamos falar um pouco sobre a autora e sua obra escolhida para a leitura do mês de janeiro.
Jane Austen
Jane Austen nasceu em 16 de dezembro de 1775, em Steventon, Hampshire na Inglaterra, a sétima filha do reverendo local. Foi educada em casa, e começou a escrever pequenas sátiras de livros populares para o entretenimento de sua família. Como a filha de um clérigo de uma família com boas conexões sociais, ela teve uma ampla oportunidade de estudar os hábitos da classe média, da nobreza e da aristocracia em seu tempo. Com 21 anos começou a escrever um livro chamado “The First Impressions”, a primeira versão do livro que viria a ser conhecido como Orgulho e Preconceito.
Retrato de Jane Austen, feito por um artista anônimo, baseado no único retrato da autora feito em vida, pela sua irmã Cassandra.
Em 1801, seu pai se aposentou e a família mudou para o resort da moda, Bath. Dois anos depois ela vendeu a primeira versão de A Abadia de Northanger para um editor em Londres, mas seu primeiro livro publicado foi Razão e Sensibilidade, pago por ela, em 1811. A seguir, publicou Orgulho e Preconceito (1813), Mansfield Park (1814) e Emma (1815). Seus livros foram publicados de forma anônima, assinados por “By a lady”, mas mesmo assim ela conquistou vários leitores devotos ainda em vida, entre eles o Príncipe Regente e Sir Walter Scott. Em 1816, já com a saúde declinando, ela escreveu Persuasão e revisou A Abadia de Northanger. Seu último trabalho, Sanditon, foi deixado inacabado por conta de sua morte em 18 de julho de 1817. A identidade de Jane Austen como autora foi revelada postumamente por seu irmão Henry, que supervisionou a publicação de A Abadia de Northanger e Persuasão em 1818. Embora o domínio das histórias de Jane fosse restrito como a sua vida, sua sagacidade e observação aguçada fizeram que ela ocupasse um lugar entre os maiores escritores de todos os tempos.
A Abadia de Northanger
A jovem Catherine Morland vai passar um tempo com seus vizinhos ricos no balneário da moda, Bath. Seu primeiro contato com a sociedade nobre e as amizades que consegue fazer vão levá-la à misteriosa Abadia de Northanger. Suas extensas leituras góticas, aliadas à uma imaginação fértil tornarão a sua estadia na abadia uma aventura assustadora.
Temas e inspiração
A Abadia de Northanger foi escrito em 1798, mas publicado apenas em 1817 após a morte de Jane. É uma mistura de paródia literária e uma sátira dos costumes da nobreza inglesa na virada do século dezenove, principalmente dos aspectos comerciais do casamento. Além disso, é uma história da entrada da heroína na vida e na sociedade. Catherine Morland é uma vítima da loucura por romances góticos da época, e está determinada a ser a heroína de um romance emocionante.
Os primeiros escritos de Jane foram paródias de convenções literárias, e A Abadia de Northanger carrega esta ideia. Mas não é completamente um romance gótico. A primeira metade do livro tem muito do que seria comum nos outros livros de Jane, que é apresentar um recorte da vida em sociedade da pequena nobreza e aristocracia. Jane se inspirou em seu próprio conhecimento da sociedade de Bath, onde viveu depois da aposentadoria de seu pai, para retratar a cidade e seus encantos, que logo se tornavam um tanto enfadonhos, depois que você já conhecesse o lugar.
As novelas góticas normalmente se passavam em castelos ou abadias, em regiões como a Itália ou o sul da França, e envolviam uma heroína descobrindo coisas horríveis e assustadoras nessas velhas casas. Equivalentes ao gênero de horror moderno, Catherine lê esses livros pelo prazer de se assustar. Sua imaginação fértil é tão alimentada por essas histórias que começa a acreditar que está passando pelo mesmo que as heroínas de livros góticos. Com frequência, as abadias nessas histórias foram habitadas por freiras ou monges no passado, e compradas por lordes ou barões, que normalmente eram vilões. A ironia dessas histórias góticas reside justamente em utilizar um local com uma aura sagrada, como uma abadia, e mostrar coisas horríveis que acontecem lá depois que essa abadia é “profanada”.
Todos os livros góticos citados em A Abadia de Northanger existem, e eram populares na época de Jane. O maior destaque vai para Os Mistérios de Udolpho, de Ann Radcliffe, uma autora contemporânea muito popular.
Além do tema gótico, “como seria um romance gótico na vida real”, outros grandes temas do livro são: o conflito entre o casamento por dinheiro x o casamento por amor; a entrada de uma jovem na vida adulta; e a leitura como uma ferramenta importante para o crescimento pessoal.
Jane fala com o leitor diretamente ao longo da narrativa da Abadia, e esses pequenos trechos revelam um pouco dos pensamentos da autora sobre a sociedade em que vivia. É uma raridade saber o que Jane pensava, pois todas as suas cartas foram queimadas pela irmã, a seu pedido, depois que ela morreu, e poucas informações sobre sua personalidade sobreviveram até hoje, e apenas através dos escritos de seus sobrinhos, muitos anos depois de sua morte.
A Abadia contém ainda o famoso discurso de Jane sobre os romances, em que ela defende os considerados livros para mulheres de baixa literatura, como literatura e excelentes retratos da sociedade e da mente das pessoas.
Para assistir
A Abadia de Northanger foi adaptada várias vezes para TV, teatro, rádio, adaptações modernas no youtube… A nossa dica vai para a versão de 2007, um filme para TV do mesmo roteirista da famosa série de Orgulho e Preconceito (1995) e, mais recentemente, Sanditon (2019)
JJ Feild e Felicity Jones como Henry e Catherine em Northanger Abbey (2007)